
Dicas gerais para compor melodias
Last Updated on 8 Abril, 2019 by Ricardo Frade
Se já alguma vez experimentou compor uma melodia, poderá ter reparado que não é tão exato como fazer uma conta matemática. Poderá ter achado a coisa mais difícil do mundo ou até uma tarefa simples. A verdade é que quando se trata da melodia há pessoas com uma facilidade natural maior que outras, no entanto isto não quer dizer que só algumas pessoas estejam aptas para criar boas melodias.
Simplesmente algumas terão de se esforçar um pouco mais. Quando se trata de compor melodias não existe receita pronta, e muito dificilmente se pode ensinar a criar melodias, pois este é um processo mais abstrato, pessoal e artístico, não uma ciência exata. No entanto existem alguma dicas que podem ajudar no processo de criação de melodias, e é isso que nos propomos neste artigo, dar algumas dicas para lhe ajudar a criar as suas melodias.
Instrumento ou voz?
Escolher entre compor a melodia para um instrumento musical ou para a voz irá depender de alguns pontos:
– Se escrever numa linguagem que não a sua língua materna terá dificuldades acrescidas;
– Se não dominar bem o instrumento musical que quer utilizar, será melhor utilizar a voz;
Composição Eficaz
Poderá pensar que compor uma melodia sem ser capaz de ouvir pode ser impossível – mas sabia que Beethoven escreveu a maior parte da sua melhor música quando já estava completamente surdo? Todas as peças musicais têm dois elementos vitais – Ritmo e melodia. As cadências dão a estrutura harmónica à melodia, e também devem ser consideradas quando se compõe. Também muito importantes são as direções de expressão, que são os símbolos que ajudam o músico a interpretar as notas de forma correta. O equilíbrio também é importante: a sua melodia normalmente deverá ter 8 compassos, então deverá dividi-la em duas partes ou “frases” (forma binária). A primeira frase estará nos compassos 1 a 4, e a segunda frase nos compassos 5 a 8. Se preferir pode dividir cada frase em duas, dando assim quatro frases de dois compassos. Podemos estas quatro frases de 1a, 1b, 2a e 2b. Vamos agora olhar para os elementos ritmo, melodia e cadencias.
Ritmo
Vamos esquecer a melodia por agora, então nos próximos exemplos vamos utilizar uma pauta de uma só linha para nos focarmos apenas no ritmo. Vamos ver alguns ritmos de melodias bem conhecidas:
1. British National Anthem:
2. 5ª Sinfonia de Beethoven, 1º movimento:
3. Parabéns:
O que têm todas estas frases em comum? Todas têm uma frase rítmica que se repete. Não é necessário escrever a segunda frase melódica no ritmo exatamente igual à primeira mas deve ao menos ser parecida.
Melodia
Assim como o ritmo, as melodias soam bem se contiverem sequências repetidas. Por exemplo a música Frere Jacques:
Esta música repete tanto a melodia como o ritmo nos compassos 1 e 2 e depois nos compassos 3 e 4. Mas se olhar com atenção a melodia dos primeiros dois compassos é a mesma dos dois últimos mas uma terceira acima. Este é um exemplo de imitação melódica: uma secção da melodia repetida num intervalo diferente. Contudo, Frere Jacques não é provavelmente a música mais interessante do mundo, vamos a outro exemplo.
Este é o refrão de Gloria:
O ritmo de cada compasso é igual, mas a melodia está em sequências, com cada compasso começando uma nota abaixo no tom de Sol maior. Existem vários tipos de sequências que podem ser utilizadas para gerar novas frases melódicas, vamos vê-las em mais detalhe.
Sequências
Vamos ver algumas possibilidades de criação de sequências para uma linha melódica. Este é o compasso que vamos utilizar para começar.
Tipo de sequência | Exemplo | Notas |
Imitação: Alteramos a nota de partida mas mantemos a mesma relação intervalar entre as notas. | ![]() |
Esta sequência começa numa segunda acima. |
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Esta começa uma quinta acima. | |
Inversão: Inverter a ordem vertical da melodia. | ![]() |
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Retrógrada: Invertemos a ordem horizontal da melodia. | ![]() |
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Inversão Retrógrada: Fazemos ambas as inversões. | ![]() |
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Aumento: Aumentamos o valor das notas. | ![]() |
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Diminuição: Diminuímos o valor das notas. |
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Claro que podemos combinar qualquer destas sequências.
Cadências
Apesar da melodia ser uma única linha musical, deve sempre ter em mente os acordes que poderão acompanhar a melodia. Numa pequena música de 8 compassos, o fim da primeira frase vai muitas vezes (mas não sempre) acabar numa cadência imperfeita. Isto significa que o final da frase soará bem se for tocada com o V acorde. O acorde que vem antes do V é à sua conta, mas cadencias imperfeitas comuns são I-V, II-V, IV-V e VI-V.
O final da segunda frase deve terminar numa cadencia perfeita ou plagal. Uma cadência perfeita consiste no V-I, passagem do quinto acorde para o acorde da tónica, enquanto que a cadencia plagal utiliza o quarto acorde para a tónica IV-I. As cadencias perfeitas são mais comuns e tem um som mais definitivo que as cadencias plagais.
Veja mais sobre cadencias aqui.
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