Como improvisar sobre acordes na guitarra II
Na primeira parte sobre como improvisar sobre acordes, vimos os quatro primeiros passos para estabelecer o tom da nossa escala. Depois do primeiro passo (encontrar a tónica) podemos avançar para identificar o tipo de acorde sobre o qual vamos improvisar. Isto irá em parte determinar quais a escalas/notas podemos utilizar no nosso improviso.
O tipo de acorde mais básico são as tríades, acordes de três notas. Os tipos de tríades são, maior, menor, suspenso, diminuto e aumentado.
Tipo de tríade | Intervalos | Nomenclatura… (exemplo em Dó) |
Maior | 1 3 5 | C or Cmaj |
Menor | 1 b3 5 | Cm or Cmin |
Suspenso | 1 4 5 1 2 5 |
Csus4 Csus2 |
Diminuto | 1 b3 b5 | Cdim or C° |
Aumentado | 1 3 #5 | Caug or C+ |
Todos os acordes são baseados em uma destas tríades, mas alguns podem ter notas adicionais, formando tétrades. Mas primeiro vamos focar-nos nas tríades, já que são a base de todos os acordes e irão ajudar-nos a escolher quais escalas e notas a utilizar para improvisar na guitarra. Este artigo é melhor aproveitado se já souber como os acordes são montados, para isso veja este artigo.
Improvisar em cima de acordes maiores
As tríades maiores consistem na tónica (1), na terça maior (3), e na quinta justa (5). A terça do acordes indica-nos se o acorde é maior ou menor. Neste caso como a terça é maior a tríade também é maior. Isto já nos indica que podemos utilizar qualquer escala maior sobre este acorde, já que todas as escalas maiores contêm esta tríade. Quaisquer notas adicionais na escala podem ser vistas como formas de colorir o som da tríade maior. Cada escala tem o seu próprio sabor.
Vamos imaginar que o acorde é Ré maior. Isto significa que a tónica será Ré. Na primeira parte vimos que devemos iniciar nas cordas 5 e 6, já que a maior parte dos formatos de escalas utilizam a tónica numa destas duas cordas. Também o formato de acorde maior que vamos utilizar tem a tónica na sexta corda:
Como pode ver, este formato de acorde contem apenas os intervalos da tríade maior (1, 3, 5). Tudo o que precisamos agora é escolher uma escala maior para o nosso improviso, que também se inicie na nota Ré. De novo, utilize a nota Ré na sexta corda para facilitar. Os formatos mais comuns que começam na corda 6 são os “primeiros formatos”. Por exemplo o formato da escala maior:
Se você já sabe o que são modos gregos, pode utilizar por exemplo o modo Lídio:
O Mixolídio:
Algo exótico como o frígio dominante
Ou a simples pentatónica:
Como pode ver, todas estas escalas contêm os intervalos da tríade maior (1, 3, 5) e portanto são todas compatíveis com o nosso acorde maior. Lembre-se que estes padrões de escala servem apenas para trabalhar regiões do braço da guitarra. Não temos de ficar presos neles. Uma vez que aprenda a sua escala em todo o braço da guitarra pode improvisar em qualquer lugar no braço.
Improvisar sobre acordes menores
Seguindo o mesmo processo anterior, mas desta vez com tríades menores. A única diferença entre a tríade menor e a maior é a terça, que no caso da tríade menor é uma terça menor (b3).
De novo, como todas as escalas menores utilizam estas notas, pode escolher qualquer escala menor, como a escala menor natural:
O modo dórico:
Pode utilizar também a menor harmónica, a escala pentatónica menor, ou qualquer outro modo menor. Todas estas escalas e modos contêm a tónica, terça menor e quinta justa. Então se tiver uma backingtrack que apenas toque um acorde menor, pode improvisar com qualquer uma destas escalas.
Improvisar sobre acordes suspensos
Os acordes suspensos (sus) contêm a tónica e a quinta como nas tríades maiores e menores, mas ao invés de terem uma terça maior ou menor, são utilizados segundas maiores ou quartas justas. Por exemplo, um acorde sus 4 seria: Tónica, 4ª e 5ª.
O que nos indica isto sobre as escalas que podemos utilizar em cima destes acordes? Como não há terça, não estamos limitados a escalas maiores ou menores. Basicamente qualquer escala que contenha as notas do acorde é compatível.
No próximo artigo veremos como improvisar sobre acordes com sétima.
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